Inovação
19 de mai. de 2025
Pesquisadores australianos avançam no desenvolvimento de uma prótese cerebral que contorna o nervo óptico e envia imagens diretamente ao cérebro, prometendo devolver a visão a milhões de pessoas cegas no mundo.
Desenvolvido por cientistas do Bionics Institute e da Universidade de Monash, o sistema Gennaris representa um divisor de águas na união entre neurociência, engenharia biomédica e inteligência artificial. A tecnologia se baseia em uma câmera externa, conectada a uma unidade de processamento visual, que traduz imagens captadas em sinais neurais. Esses sinais são enviados a um implante cerebral posicionado no córtex visual, que interpreta as informações visuais mesmo em pacientes com o nervo óptico comprometido.
Esse avanço elimina a dependência dos olhos como único canal visual, demonstrando que a visão não está nos olhos, mas no cérebro. Com mais de uma década de pesquisa, o Gennaris já passou por testes bem-sucedidos em modelos animais e está prestes a entrar em fase de ensaios clínicos em humanos, com foco inicial em pessoas com cegueira adquirida irreversível.
Ao contornar completamente o nervo óptico e interagir diretamente com o córtex cerebral, o Gennaris redefine os limites da reabilitação sensorial. Cada eletrodo implantado no cérebro atua como um pixel, permitindo ao paciente formar imagens visuais a partir de padrões de luz. Embora a resolução ainda esteja distante da visão natural, a perspectiva de uma percepção visual funcional já representa um marco revolucionário para milhões de pessoas cegas.
Além disso, o projeto representa uma plataforma para futuras aplicações: a mesma tecnologia pode, no futuro, ser adaptada para tratar outras condições neurológicas, como epilepsia e paralisias. A engenharia médica caminha rapidamente para redefinir o conceito de acessibilidade e autonomia humana.
A iniciativa liderada pelo Monash Vision Group conta com apoio de instituições governamentais e privadas, incluindo empresas de inovação tecnológica e centros hospitalares de referência. A expectativa é de que os testes clínicos em humanos comecem ainda nos próximos anos em Melbourne, na Austrália. O objetivo? Provar que é possível restaurar a visão sem depender dos olhos.
O sistema Gennaris traz não apenas esperança a quem perdeu a visão, mas inaugura uma nova era em que a bioengenharia, a neurociência e a tecnologia trabalham juntas para reconstruir capacidades humanas. É a ciência, mais uma vez, desafiando os limites da biologia com engenhosidade, precisão e propósito.