Engenharia de Alimentos

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A excelência dos grãos de café brasileiro que conquistam o mundo e os desafios da produção

O Brasil lidera a produção e exportação de café, destacando-se pela qualidade, mas enfrenta desafios em regulação e equilíbrio de mercado.

Wisla Kivia

21 de nov. de 2024

4 min

A excelência dos grãos de café brasileiro que conquistam o mundo e os desafios da produção Photo by:

A Qualidade dos cafés brasileiros

Os grãos brasileiros são sinônimo de excelência, especialmente a variedade arábica, que compõe mais de 70% das exportações do país.

Em outubro de 2024, o Brasil exportou 4,926 milhões de sacas de 60 quilos, um aumento significativo de 11,6% em relação ao mesmo mês de 2023. Esse volume é um recorde mensal histórico, superando o antigo marco de 4,770 milhões de sacas registrado em novembro de 2020.

Além do volume, a receita também alcançou patamares inéditos, registrando US$ 1,393 bilhão, um crescimento impressionante de 62,6%. O preço médio por saca atingiu US$ 282,80, destacando-se como o maior valor já registrado. Os dados foram divulgados pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), reforçando a posição do país como líder global no setor.

Cafés diferenciados

Os cafés especiais brasileiros têm conquistado cada vez mais espaço no mercado internacional, destacando-se por certificações que garantem qualidade e pela sustentabilidade no cultivo.

Esses grãos, conhecidos por serem livres de defeitos e apresentarem perfis sensoriais sofisticados, atendem a um público exigente e são direcionados principalmente para mercados premium, como os Estados Unidos e a Europa.

Entre janeiro e setembro de 2024, os cafés diferenciados geraram mais de US$ 2 bilhões em exportações, reforçando sua importância no comércio exterior.

Apesar disso, a alta demanda internacional tem limitado o consumo doméstico de grãos premium, um desafio que o setor busca enfrentar por meio de estratégias que valorizem o mercado interno e ampliem o acesso dos brasileiros a esses produtos de excelência.

 Tipos de grãos cultivados no Brasil

  1. Café Arábica

    • Origem: Etiópia.

    • Características: Baixo teor de cafeína (cerca de 1,2%), notas de frutas, flores, chocolate e caramelo.

    • Regiões Produtoras: Minas Gerais, São Paulo e Bahia.

    • Público-Alvo: Consumidores que buscam sabores equilibrados e complexos.


  2. Café Robusta (Conilon)

    • Origem: África Ocidental.

    • Características: Maior teor de cafeína (aproximadamente 2,2%), sabor intenso e amargo.

    • Regiões Produtoras: Espírito Santo e Rondônia.

    • Mercado: Amplamente utilizado em cafés solúveis e blends por seu custo menor e resistência da planta.

 Classificação por qualidade e métodos de processamento

  • Cafés especiais: Recebem nota mínima de 80/100 na escala da Specialty Coffee Association (SCA), com grãos cultivados de forma criteriosa para maximizar o potencial sensorial.

  • Processamento natural: Grãos secam com a polpa, preservando doçura e corpo.

  • Lavado e semi-lavado: Garantem sabores mais limpos e acidez equilibrada, muito valorizados no mercado externo.

Mas, como diferenciar os cafés de melhor e menor qualidade?

  • Rotulagem: Cafés especiais e gourmets geralmente trazem informações detalhadas sobre origem, variedade, altitude e métodos de processamento.

  • Preço: Cafés de alta qualidade têm preços significativamente maiores devido ao custo de produção mais elevado.

  • Sabor e Aroma: Cafés de baixa qualidade tendem a ter sabores amargos ou queimados, enquanto os de alta qualidade são equilibrados e aromáticos.

Padrões permitidos pela Anvisa e seus impactos na percepção de qualidade

De acordo com a RDC 14/2014 da Anvisa, é permitido que alimentos, incluindo o café, contenham pequenas quantidades de impurezas microscópicas, como fragmentos de insetos (até 60 fragmentos por 25 gramas de café torrado e moído) e 1% de impurezas como madeira e cascas.

Apesar de refletir limitações práticas do setor, esses padrões levantam preocupações quanto à percepção de qualidade, especialmente em mercados mais exigentes​.

Embora esses limites sejam definidos com base em estudos técnicos e padrões internacionais, levantam preocupações, principalmente em mercados consumidores mais exigentes, como Estados Unidos e Europa.

A percepção de que o café possa conter fragmentos de insetos ou resíduos, mesmo em quantidades mínimas, pode afetar a confiança do consumidor e a reputação de produtos, sobretudo em categorias premium.

Além disso, essas tolerâncias estão ligadas à impossibilidade de eliminar totalmente impurezas durante o processamento industrial, mesmo com boas práticas agrícolas e rigorosos controles sanitários.

No entanto, existe uma crítica de que o setor poderia investir mais em inovações tecnológicas para reduzir ainda mais essas margens.

Comparação com outros países

Esses limites brasileiros estão alinhados a padrões internacionais semelhantes, como os estabelecidos pela FDA nos Estados Unidos, que também permite níveis mínimos de impurezas em alimentos.

Esse alinhamento é essencial para manter a competitividade do café brasileiro no mercado global, mas evidencia a necessidade de maior comunicação entre produtores e consumidores.


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