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Engenharia de Alimentos

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Surto de botulismo na Bahia: Entenda as causas e como prevenir contaminações em alimentos

A matéria aborda o surto de botulismo na Bahia, explica o que é o botulismo, suas causas e os alimentos mais propensos a serem fontes de contaminação. São destacadas as principais medidas de prevenção, além da importância de evitar alimentos suspeitos. A matéria também discute o papel essencial do engenheiro de alimentos na gestão de uma crise como essa.

Wisla Kivia

Wisla Kivia

Wisla Kivia

26 de set. de 2024

26 de set. de 2024

26 de set. de 2024

O surto de botulismo que ocorreu na Bahia, partiu do diagnóstico de 6 pessoas, ocasionou a morte duas e deixou outras três hospitalizadas com paralisia facial e dificuldades para engolir.  As autoridades suspeitam que a causa esteja atrelada ao consumo de mortadela de frango.

A Secretaria de Saúde da Bahia está investigando a origem do produto e realizando inspeções em estabelecimentos comerciais atrelados a esse segmento alimentício para detectar possíveis pontos de contaminação.

O que é Botulismo?

O botulismo é uma intoxicação alimentar grave, não contagiosa, causada pela toxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum. Essa toxina é uma das mais potentes conhecidas e pode levar à paralisia muscular e até à morte, se não for tratada.

Causa

É causado pela ingestão de alimentos contaminados com a toxina botulínica, que é produzida em condições anaeróbicas (ausência de oxigênio), quando a bactéria encontra um ambiente propício, como em alimentos mal conservados ou enlatados.

Alimentos fontes de contaminação

  1. Conservas caseiras: Especialmente conservas de vegetais, como milho, feijão verde e beterraba, feitas sem os cuidados adequados de esterilização.

  2. Carnes e peixes mal conservados: Enlatados ou defumados, como salsichas, presuntos e peixes em conserva.

  3. Mel: É uma fonte conhecida de contaminação por esporos de Clostridium botulinum, sendo especialmente perigoso para bebês menores de 1 ano.

  4. Alimentos fermentados ou em conserva em casa: Como queijos e produtos à base de leite mal pasteurizados, além de vegetais fermentados.

  5. Óleos aromatizados com ervas ou alho: Se não armazenados adequadamente, podem fornecer condições ideais para o crescimento da bactéria.

Principais medidas de prevenção

A prevenção da contaminação de alimentos pela toxina botulínica envolve a implementação de boas práticas de segurança alimentar, desde a produção até o armazenamento, dado que a Clostridium botulinum se desenvolve em ambientes anaeróbicos (sem oxigênio) e em condições inadequadas de conservação.

  1. Processamento e esterilização adequada:

  • Conservas: Esterilizar alimentos de baixa acidez (como vegetais e carnes) em autoclaves ou panelas de pressão a temperaturas superiores a 121°C, por tempo suficiente para eliminar os esporos da bactéria.

  • Enlatados: Verificar se as latas estão intactas, sem inchaços, amassadas ou com vazamentos, sinais de que os esporos de C. botulinum podem ter germinado e produzido a toxina.

  • Cozinhar e aquecer bem os alimentos (a toxina botulínica é destruída a temperaturas acima de 80°C).

  1. Controle de acidez:

  • Alimentos com baixa acidez: A bactéria não se desenvolve em ambientes com pH abaixo de 4,6. Adicionar ácidos, como vinagre ou suco de limão, pode ajudar a criar um ambiente hostil para a bactéria.

  • Fermentação: Controlar o processo de fermentação em alimentos como queijos e vegetais fermentados para garantir que o pH permaneça baixo e seguro.

  1. Refrigeração adequada:

  • Armazenamento em baixas temperaturas: Alimentos que não foram submetidos ao calor adequado, como alimentos embalados a vácuo, devem ser mantidos na geladeira, a temperaturas abaixo de 4°C para inibir o crescimento da bactéria, com consumo rápido.

  • Conservação de alimentos em óleo: Alimentos imersos em óleo, como ervas e alho, precisam ser refrigerados para evitar que a falta de oxigênio no óleo crie um ambiente favorável para a bactéria.

  1. Evitar o consumo de alimentos suspeitos:

  • Latas inchadas ou danificadas: Descartar alimentos enlatados ou conservas que apresentem sinais de inchaço, vazamento ou mau cheiro, alimentos com mudança de coloração ou mal cheiro, e fora do prazo de validade.

  • Conservas caseiras mal preparadas: Se conservas caseiras não foram processadas corretamente em altas temperaturas, é essencial não consumi-las.

  1. Cuidados com alimentos para Bebês:

  • Evitar o mel para crianças menores de 1 Ano: O mel pode conter esporos de C. botulinum, e o sistema digestivo de bebês ainda não está totalmente desenvolvido para combatê-los. Por isso, é importante evitar dar mel a crianças pequenas.

Importância das Boas Práticas de Higiene

Manter altos padrões de higiene durante o manuseio, processamento e armazenamento de alimentos é essencial para reduzir a proliferação de bactérias, incluindo a Clostridium botulinum. Isso inclui lavar bem as mãos, utensílios e superfícies de preparo.

Essas práticas são importantes tanto para indústrias alimentícias quanto para quem prepara alimentos em casa, garantindo que o risco de contaminação seja minimizado em todas as etapas de produção.

Papel de um engenheiro de alimentos em casos de contaminação de toxina botulínica

O processo envolve várias etapas críticas:

1. Identificação e Análise do Problema:

  • Isolamento do lote contaminado: O engenheiro de alimentos deve isolar imediatamente o lote suspeito para evitar que o produto chegue ao consumidor final. Isso pode envolver o bloqueio da distribuição e a retirada do produto dos pontos de venda.

  • Análise laboratorial: Amostras do lote contaminado devem ser enviadas a laboratórios especializados para confirmação da presença de toxina botulínica. Técnicas microbiológicas e químicas são usadas para identificar a toxina e os esporos da Clostridium botulinum.

2. Avaliação da gravidade e contenção:

  • Rastreabilidade: O engenheiro deve verificar toda a cadeia de produção para identificar a origem da contaminação, desde a matéria-prima até o processamento, embalagem e armazenamento.

  • Controle do processo: Avaliar os pontos críticos de controle (HACCP) no processo produtivo para entender onde a falha ocorreu e tomar medidas corretivas. Isso pode incluir revisão dos procedimentos de esterilização, refrigeração ou enlatamento.

3. Ação Corretiva:

  • Descarte seguro: Caso a contaminação seja confirmada, o engenheiro deve supervisionar o descarte adequado dos produtos contaminados, seguindo as diretrizes de saúde pública e ambiental para evitar danos à população e ao meio ambiente.

  • Revisão de protocolos de segurança: Implementação de novas medidas preventivas ou reforço das práticas de segurança alimentar na produção.

4. Comunicação e Recall:

  • Ação de Recall: Se o produto já estiver no mercado, o engenheiro de alimentos coordena a retirada de todos os produtos contaminados através de uma campanha de recall, que envolve comunicar os distribuidores e consumidores.

  • Notificação às autoridades: Informar os órgãos de controle sanitário, como a ANVISA no Brasil ou a FDA nos EUA, sobre a contaminação, colaborando com as investigações e assegurando que as normas de segurança estão sendo seguidas.

5. Educação e Prevenção Futura:

  • Treinamento de equipes: O engenheiro também é responsável por treinar a equipe sobre os riscos do botulismo e como prevenir novas contaminações, reforçando a importância da higiene, controle de temperatura e técnicas adequadas de esterilização.

  • Aprimoramento de procedimentos: Revisar e otimizar os procedimentos de controle de qualidade para evitar a recorrência da contaminação, implementando tecnologias ou metodologias que garantam um controle mais rigoroso.

Essas etapas garantem a segurança dos consumidores e evitam graves consequências à saúde pública. O papel do engenheiro de alimentos vai além da reação ao problema; ele também é fundamental para melhorar e assegurar a qualidade dos processos produtivos e minimizar riscos futuros.

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